A parceria entre a rede pública e hospitais privados garante o processamento e a distribuição de leite humano para bebês internados em unidades neonatais de Brasília
Reportagem de Aline Campelo, Sanny Alves e Ersomar Ribeiro
O pequeno Apolo nasceu de 25 semanas com menos de novecentos gramas. Hoje, com pouco mais de dois meses de vida, o peso é mais do que o dobro. A partir da própria necessidade com seu bebê, Ana Paula mobilizou outras mães.
A enfermeira Ana Paula Caetano Dias Anchieta contou como conseguiu ajudar o seu filho e os filhos de outras mães. “Desde o início, lá no banco de leite, com a ordenha, com o manuseio, pegando o material que eu precisava. E aí, com essa rotina o leite foi aumentando e eu pude fornecer para o meu próprio filho e doar pros bebês aqui da UTI”.
Ao sensibilizar outras mães, não só Apolo, como outros bebês conseguiram o ao leite humano, que chegou à UTI por doação voluntária.
“Meu filho já tem mais de 2 meses e essa semana que ele começou a ir pro peito. Então o estímulo foi realmente a ordenha manual e a bomba. E, Graças a Deus, até hoje a gente conseguiu chegar aqui e meu filho ter o meu leite de Igrejas diferentes, que tem muitas mãezinhas nas igrejas para poder colocar nos grupos o telefone do banco de leite aqui do hospital Anchieta para vir as doadoras e todo mundo aqui sair da fórmula. Esse era o meu objetivo, não só o meu filho, mas atingir os demais bebês que eles tivessem leite também e saíssem da fórmula”, reforçou Ana Paula.
Quando a mãe não pode amamentar, o leite humano doado, se torna fundamental. Nesse contexto, o trabalho conjunto entre os setores público e privado permite ampliar a distribuição da rede de coleta, isso garante a segurança no manejo do leite materno, em cada etapa, da ordenha e armazenamento adequado, até a oferta aos bebês.
A parceria público-privada de saúde permite a troca de conhecimentos técnicos, promove campanhas de conscientização e incentiva a doação entre mães lactantes.
A pediatra neonatologista, Mariana Palhares Temer explicou como os postos de coleta e a diferença entre eles e o banco de leite. “Existem também os postos de coleta. Nos postos de coleta a única diferença com relação ao banco de leite é que lá não é feito o processamento daquele leite. Atualmente a gente encara o banco de leite não como um centro só de processamento de leite. O banco de leite hoje é considerado uma casa de apoio, incentivo, proteção ao aleitamento materno como um todo”.
A amamentação é fator determinante na redução de complicações neonatais.O apoio da sociedade e o trabalho público-privado permitem a manutenção da vida no cuidado com os recém-nascidos.
“Aqui na UTI, um mililitro pode salvar uma vida. De pouco em pouco, se todo mundo puder ajudar, todos os bebês aqui da UTI vão sair da fórmula e vão ter o leite materno, que é essencial para vida. Com a graça de Deus, que tudo é Deus, mas me sinto vitoriosa”, concluiu a enfermeira.