Deepavali

Dicastério para o Diálogo Inter-religioso envia mensagem aos hindus

“Vamos construir a paz na verdade, na justiça, no amor e na liberdade” é o tema da mensagem por ocasião da festa do Deepavali

Da Redação, com Boletim da Santa Sé 

Vista parcial da Praça São Pedro, no Vaticano / Foto: Arquivo Canção Nova

A festa do Deepavali, ou Diwali, é celebrada por todos os hindus e conhecida como “fila de lâmpadas a óleo”. Fundada simbolicamente numa mitologia antiga, representa a vitória da verdade sobre as mentiras, da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte, do bem sobre o mal. 

A celebração propriamente dita dura três dias, marcando o início de um novo ano, a reconciliação familiar, especialmente entre irmãos e irmãs, e a adoração a Deus. Este ano o festival será celebrado por muitos hindus no dia 12 de novembro.

Para a ocasião, o Dicastério para o Diálogo Inter-religioso enviou-lhes uma mensagem com o tema: “Cristãos e Hindus: construamos a paz na verdade, na justiça, no amor e na liberdade”.  O texto da mensagem  foi publicado em inglês, italiano, francês e hindu.

Na mensagem, o Dicastério para o Diálogo Inter-religioso estende aos hindus suas saudações festivas e os melhores votos ao celebrar o Deepavali em todo o mundo, no dia 12 de novembro deste ano. E ressalta, “que Deus, Luz Suprema, ilumine seus corações e mentes, abençoe seus lares e bairros e encha suas vidas de paz e felicidade!” 

Este ano marca o sexagésimo aniversário da Pacem in Terris (Paz na Terra), a Carta Encíclica do Papa João XXIII. Em 1963, quando o mundo estava profundamente perturbado e à beira de uma guerra nuclear, esse documento emitiu um apelo oportuno, apaixonado e muito necessário aos líderes e povos do mundo para trabalharem juntos pela paz, instando-os a encontrar soluções amigáveis ​​para os problemas num espírito de confiança mútua, através do diálogo e das negociações.

O Papa João XXIII, agora venerado como santo, afirmou profeticamente que “a paz não a de uma palavra vazia se não se apoiar numa ordem fundada na verdade, construída na justiça, nutrida e animada pela caridade, e implementada sob os auspícios da liberdade” (n. 167). Inspirados pela visão elevada que a Pacem in Terris propôs para a construção da paz, o Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, nesta ocasião, partilha com o povo hindu algumas reflexões sobre a construção da paz na verdade, na justiça, no amor e na liberdade.

Ensinamento da Pacem in terris

O ensinamento da Pacem in terris deu origem, ao longo dos últimos sessenta anos, a uma maior consciência entre as pessoas de todo o mundo – embora em graus variados – da necessidade de respeitar a dignidade transcendental das pessoas, os seus direitos legítimos e a sua responsabilidade partilhada. Deu também origem a movimentos empenhados na proteção e defesa dos direitos humanos e na promoção da paz através do diálogo e da negociação. Contudo, a plena realização da sua profecia de paz continua a ser um sonho distante, que só pode ser realizado através de esforços colaborativos de homens e mulheres de todas as tradições religiosas e de todos os setores da sociedade. Estes esforços devem continuar e progredir ainda mais.

Iniciativas destinadas a promover a paz e o bem comum universal

As iniciativas destinadas a promover a paz e o bem comum universal não devem ceder ao pessimismo, ao desânimo e à renúncia, frisa o texto. Estas atitudes podem ser causadas por casos de desprezo pela dignidade humana, pela negação ou limitação dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos, incluindo os direitos religiosos, pela intolerância e pelo ódio, pela injustiça e pela discriminação, pela violência e pela agressão contra aqueles que são diferentes, ou contra os membros mais vulneráveis ​​da sociedade.

O pessimismo e o desânimo podem estar presentes hoje, como estavam em 1963, mas São João XXIII, como homem de profunda esperança, permaneceu convencido de que a paz é possível, desde que seja baseada na verdade, na justiça, no amor e na liberdade. Estas são, como insistia São João Paulo II, “condições essenciais para a paz” e “pilares fundamentais da paz”. “Como crentes, devemos expressar a nossa aspiração à paz através de esforços coerentes e concertados, fundados numa lealdade inabalável a estes pilares”, enfatiza a mensagem assinada pelo Prefeito do Dicastério, Cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, MCCJ e o secretário Mons. Indunil Janakaratne Kodithuwakku Kankanamalage.

Construção de um mundo pacífico

“Nos nossos esforços para contribuir para a construção de um mundo pacífico, utilizando todos os meios ao nosso alcance, devemos fortalecer estes pilares da paz. Por esta razão, as famílias, guiadas pelo exemplo dos pais e dos mais velhos, bem como as instituições educativas e os meios de comunicação social, devem desempenhar um papel proeminente na inspiração do desejo de paz e no ensino dos valores que constroem a paz nos homens e nas mulheres de todas as idades”.

Diálogo inter-religioso

O texto também ressalta o potencial do diálogo inter-religioso para promover a confiança mútua e a amizade social entre comunidades inter-religiosas. E mais: tornou-se, de fato, “uma condição necessária para contribuir para a paz mundial”, como disse o Papa Francisco no discurso à delegação da Associação de Antigos Alunos da Fraternidade Emouna, em 2018. Portanto, cabe às religiões e aos líderes religiosos esforçarem-se por encorajar os seus seguidores a serem pessoas cujas vidas são moldadas pela verdade, justiça, amor e liberdade.

“Como crentes e líderes das nossas respectivas religiões, com crenças comuns e um sentido de responsabilidade partilhada pelo bem-estar da humanidade, que nós, cristãos e hindus, nos esforcemos sinceramente para nos tornarmos artesãos da paz. Unindo-nos aos seguidores de outras tradições religiosas e a todas as pessoas de boa vontade, podemos trabalhar juntos para construir o nosso mundo sobre os fundamentos duradouros da verdade, da justiça, do amor e da liberdade, para que todos possam desfrutar de uma paz autêntica e pacífica”, concluiu a mensagem. 

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